O QUE OBAMA VEIO FAZER NO BRASIL
Marina da Silva
Fonte: www.dw-world .de/ E até o Cristo os recebeu de braços abertos!
Este foi o tititi que rolou na academia entre esteiras, bicicletas, aparelhos e pesos. Todos queriam saber o que Obama presidente dos Estados Unidos e o primeiro negro, ops, moreno a ocupar a Casa Branca veio fazer no Brasil. A mídia brasileira ocupou-se irritantemente com os modelitos, grifes de roupas e penteados da família e tudo de mais importante que a turma fez no Brasil: quantos tiauzinhos e sorrisos deu Obama, como “Ele” desceu do avião, a imponência dos seus Men in black, do fiasco do Cara com a bola; as Havainas legítimas da filha number one, a sogra, os passos que ensaiou na cidade do samba Mrs Michelle. A mídia internacional não ficou atrás, mas gastou críticas ao presidente: "Quem se interessa pela visita de Obama ao Brasil quando mísseis dos Estados Unidos são lançados sobre a Líbia?"; "Desastre nuclear no Japão e revoltas no norte da África – há quem diga que o presidente dos Estados Unidos teria mais o que fazer do que visitar a América Latina". Que opositores de Obama e o povão brasileiro critiquem e nem saibam o que ele veio fazer no país, tudo bem, mas países da União Européia desqualificar a visita dos donos do mundo ao Brasil beira a estupidez das bravas! Será? Voltemos ao Brasil. O país foi elogiadíssimo tanto por Obama como Hillary Clinton como uma democracia modelo para países da África e Oriente médio. Mas o que se viu aqui foi o povo ser impedido de se aproximar, manifestar apreço ou desapreço e até ouvir Obama em um telão. Minto, um povo brasileiro domesticado, ops, pacificado pelo governo do RJ - da Cidade de Deus - teve a honra de apresentar um show do que há de melhor no país: samba e capoeira! “Folclóricos(?) e militantes ficam bem longe do roteiro de Obama”. Obama cancelou aparição na Candelária e discursou para um seleto grupo entre eles antigos desafetos - PT e Cia. sempre criticaram o imperialismo ianque - e a portas fechadas sem direito a transmissão para os pobres mortais conforme prometido. “A Cinelândia, no centro do Rio, foi tomada neste domingo (20) por personagens típicos do local e manifestantes contra o presidente norte-americano. Barack Obama, nem viu esse público, afinal, discursou dentro do Teatro Municipal e entrou e saiu sem passar pela porta principal”. Fez de lá um pronunciamento importantíssimo dirigindo-se ao povo...norte americano explicado porque mandou jogar uns mísseis na Líbia. Eu assisti ao vivo na CNN, já o resto dos brasileiros (leia-se seleto grupo que o acompanhava no grande teatro carioca) descobriu tudo depois em segunda mão na telinha! E permanece a questão: a que veio Obama? O que os EUA querem na América latina, principalmente com o Brasil? O Brasil é o B dos BRIC’s (China, Índia, Rússia), as potências capitalistas da hora, 5º maior país do mundo em extensão e o maior da América latina; potência regional e líder do Mercosul, Unasul; 7ª economia do planeta, cresce a quase uma década sustentando altos índices (PIB 7.5% em 2010), dono de um baita mercador consumidor interno (que vai do lixo 1.99 ao luxo)! Mas não é só isso! Vanguardista no uso de energia limpa (hidrelétrica, termelétrica, eólica, biocombustíveis, solar, etc) após a descoberta dos hiper galácticos campos petrolíferos e de gás na camada Pré-sal é detentor de inegável importância geoeconômica e geopolítica mundial! Até pouco tempo atrás era conhecido como republiqueta de bananas (leia-se políticos), de mulatas e vira-latas que sempre fez o que Tio Sam mandou! O país no governo Lula, estabilizado na era FHC (reformas, Plano Real, controle inflacionário, congelamento e arrocho salarial) deslanchou de vez e mostrou sua cara fortalecendo-se enquanto os Estados Unidos era literalmente derrubado pelos ataques terroristas (2001) e crash do sistema financeiro (crise subprime) em setembro de 2008. Lula se tornou “O cara” enquanto um negro chegava a Casa Branca com um enorme abacaxi nas mãos! Hoje a “Política de Obama precisa convencer uma América Latina segura de si.(..) existem países como o Brasil, Chile e Colômbia, que a secretária norte-americana de Estado, Hillary Clinton, apresenta com prazer como "exemplos brilhantes" de democracia e sucesso econômico”. Os perrengues estadunidenses estendidos para países europeus da UE, foram salutares para o Brasil que virou alvo de interesses e investimentos estrangeiros, com destaque para a invasão China! O que estava ótimo ficou melhor ainda quando o país foi eleito sede da Copa Mundial de futebol (2014) e Olimpíadas (2016). Países que até então apenas voltavam os olhos para o Brasil (achando que viam México, Argentina) a partir deste cenário vieram de corpo inteiro botando banca e armando barracas! “Os Estados Unidos também têm muitos motivos para se preocupar com os vizinhos do Sul (...) pois outros países, como a China e o Canadá, não deixaram de notar o crescimento da América Latina e as possibilidades econômicas que se oferecem. Além disso, expande-se, por exemplo, o comércio regional com o Brasil”. Obama veio marcar território (espaço vital ao soerguimento e manutenção do império); garantir acordos comerciais bilaterais e impor presença em dois quesitos deste carnaval de riquezas brasileiras: energia (leia-se Pré-sal) e infra-estrutura isto é, garfar os bilhões do PAC copa, PAC Olimpíadas e até PAC de campeonato municipal de cuspe a distância!
E de quebra mostrar aos chineses até onde eles podem ir nesta área panamericana sem quebrar o pacto “As américas para os (norte) americanos!” “Washington vê a visita como uma oportunidade para reafirmar a influência norte-americana região totalmente negligenciada pelo predecessor de Obama, George W. Bush.” O petróleo encontrado recentemente na costa brasileira pode equivaler a duas vezes as reservas norte-americanas. "Queremos ajudar o Brasil com tecnologia e apoiar o desenvolvimento dessas reservas de petróleo de forma segura, e quando vocês estiverem prontos para começar a vendê-lo, seremos um dos seus melhores fregueses" disse Obama”. É algo do tipo: quem quer trocar as riquezas do Pré-sal por uma “possibilidade” de uma cadeira na ONU. O petróleo é nossa melhor moeda, permitirá ao país pleitear uma parcela do poder mundial, desde que atrelado aos EUA e longe de ações que os contrariem como as posições equivocadas de Lula no Irã.
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