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terça-feira, 19 de setembro de 2023

BRASIL. DESGRAÇAS CLÍMATICAS republicando 2011

 

A METEOROLOGIA EM NOSSAS VIDAS

Marina da Silva

Este é o título de um artigo de H. Schwartsman1 comentando as tragédias que destruíram e ceifaram cerca de oito centenas de vidas na região serrana do RJ. O título evoca Maquiavel e a importância da história, da repetição dos eventos no tempo, da circularidade dos fenômenos naturais ou não e da interação homem/meio no processo de construção da sociabilidade humana. Eu acuso as autoridades públicas e as culpo e ainda defendo mudanças na Constituição para penalizá-las criminalmente! Culpar o clima não é burrice, é também esperteza e jogada política! A “monotonia” do clima brasileiro além de não “afetar” políticos incompetentes e salafrários (salvo raríssimas exceções) serve para criar uma cultura politiqueira que faz das tragédias de verão um filão para angariar votos nas eleições, oportunidade de desvios de verbas públicas, enriquecimento ilícito no superfaturamento de obras meia-boca (que não duram até as chuvas seguintes) fazendo pouco caso e zombando das desgraças dos cidadãos! Anastasia alicerça trânsito. A pedido do tucano, Dilma se reúne com ele, no primeiro encontro da presidente com um governador, recheado de promessas para o metrô e de ajuda às vítimas das chuvas. O mineiro avaliou como positivo o começo do governo Dilma e disse que pediu R$ 250 milhões ao Ministério da Integração Nacional para reforçar o caixa do estado e dos municípios a fim de recuperar as cidades atingidas pelas chuvas. Em Minas, 94 prefeituras decretaram situação de emergência.”  A principal lição de Maquiavel (autor muito citado e pouco conhecido) é que a monotonia dos eventos, sua repetição no tempo deve levar à prudência e aguçar a atenção dos administradores, orientando suas ações para proteção da sociedade em catástrofes futuras. Culpar o clima ou a ocupação humana (de pobres) em áreas inseguras, de alto risco, ou pior, jogar para cima de deus e o diabo a responsabilidade pela “pior chuva dos últimos tempos” é estultice, incompetência e cretinice de administradores bananas que não se pode mais tolerar nesta potência que é o Brasil! “Tanto a presidenta Dilma quanto o governador Cabral centram críticas à forma de ocupação nos municípios da região Serrana, especialmente Petrópolis, Teresópolis e Nova Friburgo, os mais prejudicados pelas enchentes dos últimos dias.” Onde vamos chorar nossos mortos amanhã? Um mapinha básico, recolhido até no JN, poderá nos informar, mas queremos e devemos chorar cada vez menos cidadãos mortos! “A região serrana do Rio já contabiliza 791 mortos, segundo dados mais recentes divulgados pela Secretaria de Estado de Saúde e da Defesa Civil. O número de mortos por região se divide em: 366 em Nova Friburgo, 317 em Teresópolis, 66 em Petrópolis e mais 22 em Sumidouro.“ O Brasil mudou drasticamente, é uma das principais potências capitalistas do planeta e temos tecnologia suficiente para “entender” o tempo até em anagliptografia (braile)! A ação humana nunca foi instintiva e/ou condicionada pelo meio como a dos símios e BBB’s globais! Temos capacidade para vencer científica e tecnologicamente os reveses “naturais”, o destino e a predestinação aprendendo com os erros e acertos do passado (na última década cerca de 37 tragédias assolaram o país) nos precavendo, fazendo previsão, criando, importando, pirateando e instalando sistemas de abrigos e alarme de desastres para proteger a população das catástrofes futuras! O mínimo que se espera dos administradores que mereceram os votos dos cidadãos eleitores é segurança e bem-estar e nem precisa de Constituição ou mãos 100% limpas; apenas pede-se que as potencialidades brasileiras para lidar com situações emergenciais como as das próximas chuvas sejam colocadas em ação! O que choca a mídia na tragédia do Rio de Janeiro é a democracia das desgraças, isto é, não foram apenas os pobres e miseráveis atingidos em cheio e os únicos culpados pela própria sorte por ocupar, com anuência e/ou conivência das autoridades as áreas de risco, aquilo que o governador Sérgio Cabral vem denominando de “romantismo social”. E por falar em Cabral, o pacificador de favelas, e seus seguidores: a sociedade brasileira, principalmente os cariocas, devem ficar alerta para o grande plano de limpeza legal das áreas de risco que não apenas reluziu no seu olhar como ficou gravado para quem assistiu seu pronunciamento sobre a tragédia ao lado da dama de ferro, a super Dilma!

“(...) agora é o apelo geral que eu faço, portanto, é que o  eu fiz antes do processo eleitoral, porque não faria agora. E fui muito criticado. É um apelo que eu faço efetivamente que todos tenhamos coragem...“É muito difícil dizer não, mas muitas vezes educar é dizer não. Não, não pode, aqui não pode, aqui não pode construir, aqui tem que ser removido. É muito duro a gente dizer isto, mas tem que dizer e o nosso programa “morar seguro” tem este objetivo né, de efetivamente, como disse a nossa presidente, casar isso com áreas seguras, com minha casa minha vida, como nós fizemos com o PAC, no PAC nós desapropriamos mais de 8 mil famílias com compra assistida, com desapropriação sabe, e muitas vezes com movimentos de resistência, com demagogia de A, B ou C, este é um movimento que tem que ser feito no Brasil cada vez com maior consciência. Não é uma visão porque isso tá muito ligado com um passado antigo a tal de lei da ordem e dos direitos humanos como se fossem dicotômicos e não há dicotomia...quanto menos área de risco ocupada menor o dano”. Cabral/13-01-11

 

 Fonte

1. SCWARTSMAN, H. A METEOROLOGIA EM NOSSAS VIDAS. 20-01-2011  https://www1.folha.uol.com.br/paywall/login.shtml?https://www1.folha.uol.com.br/colunas/helioschwartsman/862913-a-meteorologia-em-nossas-vidas.shtml

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