TURISMO
EM FAVELA
http://www.rocinha.org. 'Lindos visuais' e funk fazem parte do turismo nas favelas
Marina
da Silva
Este
fenômeno presente no Brasil e concentrado especialmente em São Sebastião, a
cidade maravilhosa do Rio de Janeiro podendo ser detectado ainda nos anos noventa
do século passado, virou febre mundial tal qual a gripe suína! Cada vez mais
empresas de turismo vêm oferecendo como opcional um city-tour extraordinário
pelas favelas: “Visite a maior favela da América latina” é o convite orgulhoso
da Exotic tours para uma observação in loco do modus vivendi dos
moradores da Rocinha. Em 2010, sete operadoras de turismo exploram e disputam
encarniçadamente os mais de 2000 turistas
estrangeiros por mês que se tornaram aficionados por
favelas, loucos para conhecer este parque temático inexistente em países do
Primeiro Mundo.
“A
pobreza destes locais é vista, frequentemente como atrativo, o que a torna um
negócio rentável que angaria, clientes que querem ver a violência de perto”
afirma o portal www.notícias.portugalmail.pt/.
http://favelasantamartatour.blogspot.com.br/2012/04/nbs-lanca-projeto-riorio-e-convoca.html
Vários sites oferecem uma
aventura em favelas brasileiras modelos: de pobreza, miséria, condições de vida
sub-humanas, violência, truculência e opressão tanto de milícias pacificadoras
oficiais ou não e narcotraficantes que controlam, gerenciam e parasitam a vida
econômica/política/social e cultural dos pobres. O que pode ser mais
emocionante do que acompanhar uma incursão BOPE no estilo Aqui e Agora na TV
portuguesa SIC com direito a trilha sonora do filme Tropa de Elite I e um cadáver de bandido(?)
no final?
Famosos despencam aos montes para gravar vídeos alucinantes montando
sets em favelas cariocas. O hit do momento foi dado por Beyonce e Alicia Keys,
mas favela já serviu de cenário para o falecido Michael Jackson e a
cinquentinha Madonna de Jesus e também está presente nas novelas! É viver a
vida...
"Com o aumento da procura por visitas às favelas do Rio de Janeiro, guias alertam para o turismo degradante que algumas empresas promovem nas comunidades. Segundo eles, a prática não favorece a mão de obra nem a economia locais, mas geram exploração da miséria e informações erradas. Sites em inglês oferecem anúncios de pacotes a partir de US$ 29 para visita a favelas, principalmente a Rocinha, “a maior da América Latina”, e Santa Marta, “onde o vídeo do Michael Jackson foi filmado”."http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2015-05/guias-pedem-mais-incentivo-para-o-turismo-em-favelas-do-rio-de-janeiro
"Com o aumento da procura por visitas às favelas do Rio de Janeiro, guias alertam para o turismo degradante que algumas empresas promovem nas comunidades. Segundo eles, a prática não favorece a mão de obra nem a economia locais, mas geram exploração da miséria e informações erradas. Sites em inglês oferecem anúncios de pacotes a partir de US$ 29 para visita a favelas, principalmente a Rocinha, “a maior da América Latina”, e Santa Marta, “onde o vídeo do Michael Jackson foi filmado”."http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2015-05/guias-pedem-mais-incentivo-para-o-turismo-em-favelas-do-rio-de-janeiro
Para
que fazer favela de cenário? Por que fazer turismo em favelas correndo o risco
de “um perdido” ou uma bala perdida nos confrontos diários polícia-bandido? O
que está por trás deste fenômeno que se espraia para o mundo? Curiosidade?
Preocupação social, científica, filosófica, religiosa? Mera adrenalina?
www.google.com.br/images. O que Miriam Leitão, especialista em economia, ORGANIZAÇÕES GLOBO, está fazendo aí com essa gente que quer explorar e expropriar a vida e o trabalho do povo das favelas cariocas?
Com
cerca de 1 bilhão de miseráveis a preocupação mundial voltada exclusivamente
para o aquecimento global e suas consequências para o planeta deixa-se passar
ao largo o crescimento inimaginável da pobreza neste século que apenas
desponta: “A generalização espantosa das favelas é o principal tema de The
Challenge of slums (O desafio das favelas), relatório histórico e sombrio
publicado em outubro de 2003 pelo programa de Assentamentos Humanos da Nações
Unidas (UN—Habitat)”.
O turismo em favela vem servindo apenas para justificar a banalização e naturalização de uma realidade em expansão e denunciada: “as cidades do futuro, em vez de feitas de vidro e aço, como fora previsto por gerações anteriores de urbanistas, serão construídas em grande parte de tijolo aparente, palha, plástico reciclado, blocos de cimento e restos de madeira”. Em vez de cidades planejadas como Dubai “boa parte do mundo urbano do século XXI instala-se na miséria, cercada de poluição, excrementos e deterioração”. E as favelas de Dubai?
O turismo em favela vem servindo apenas para justificar a banalização e naturalização de uma realidade em expansão e denunciada: “as cidades do futuro, em vez de feitas de vidro e aço, como fora previsto por gerações anteriores de urbanistas, serão construídas em grande parte de tijolo aparente, palha, plástico reciclado, blocos de cimento e restos de madeira”. Em vez de cidades planejadas como Dubai “boa parte do mundo urbano do século XXI instala-se na miséria, cercada de poluição, excrementos e deterioração”. E as favelas de Dubai?
E
“Quem foi que disse que miséria é só aqui?” A Índia segue o modelo carioca e
oferece passeios em Dharavi, a favela cenário do premiado filme “Quem quer ser
milionário?” No discurso daqueles que se enriquecem explorando favelas e moradores está a
importância e o dever ético-moral-social de dar ciência aos afortunados (que
pagam em euro/dólar) dos perrengues pelos quais se sujeitam os favelados, o que
também pode ser visto na piscina da varanda de hotéis, prédios ou condomínios
luxuosos como está estampado na capa da revista Carta Capital de 27 de janeiro
de 2010. Otimizando o potencial turístico, espertalhões se justificam mostrando que favela é bacana e que há gente
boa vivendo nelas contribuindo assim para desmistificar que favela só tem
bandido e violência!
Bingo!
“Quem está pensando que não existe tesouro na favela” e pode ser explorado?
Sustentabilidade, responsabilidade social, ecológico e politicamente correto -
o mesmo discurso aplicado à exploração e expropriação daqueles que vivem do
lixo e no lixo (a grande maioria favelados)- é estendido para a capitalização
turística de favelas, tornando banal, natural e insólito a convivência harmoniosa
e mutualística entre ostentação e luxo extremo e os bolsões de miséria!
Favela
é isso aí: hiperconcentração de riquezas em pequenas castas e expansão de
párias e miséria em superfavelas nas Américas Norte (México), Central e do Sul,
na Ásia e África. A atual fase de acumulação de capitais se dá com o uso de
novas tecnologias, mas principalmente sobre a extração de mais-valia absoluta
(uso intensivo de mão-de-obra barata) que se concentra aos milhões em favelas.
Uma pobreza fisiologicamente criada, expandida, alimentada, estatizada, mantida confinada nos bolsões miseráveis para
garantir altas taxas de lucro aos capitalistas!
O turismo atual é a forma de
incorporar todo o potencial da miséria e justificar espacialmente o fenômeno. O
que é, como surgiram, por que e para que existem favelas? No Brasil já
possuímos uma explicação dada pelo prefeito carioca Eduardo Paes a uma revista:
são fruto do “romantismo social” de políticos que permitiram e deixaram
os pobres ocupar irregularmente, informalmente e ilegalmente as cidades. Esta
promiscuidade e permissividade romântica dos políticos ajudaram os pobres, mas
sujou a paisagem. E é dessa sujeira que se está obtendo (e quem sabe...lavando)
muito dinheiro, um potencial ainda pouco explorado. Acredite...se quiser!
Nenhum comentário:
Postar um comentário