PEQUENAS CONSTATAÇÕES, NA FALTA DE MAIORES.
Constatação I (De uma dúvida não necessariamente crucial).
Para quem é prepotente, pedir desculpas significa ter dobrado a coluna?
Constatação II
Não só o Brasil inteiro fica triste, compungido, macambúzio, infeliz com
uma eventual derrota, preferencialmente acachapante, da Argentina.
A América Latina inteira também.
Constatação III
Da Wikipédia: “Economista inglês Thomas Malthus elaborou uma teoria
que afirmava que a população iria crescer tanto que seria impossível
produzir alimentos suficientes para alimentar o grande número de pessoas
no planeta. Dentre suas obras, a principal foi o Princípio da População.
Para Malthus, a produção de alimentos crescia de forma aritmética,
enquanto o crescimento populacional crescia de forma geométrica.
Para ele, o mundo deveria sim ter doenças, guerras, epidemias, ele
também propôs uma política de controle de natalidade para que houvesse
um equilíbrio entre produção de alimentos e população”.
De Rumorejando: Em certos povos há controle de natalidade, há doenças,
epidemias. Quanto a guerras, estas jamais cessaram no mundo.
A produção de alimentos seria suficiente se não houvesse desperdício
e não houvesse distorção da renda. E políticos, claro.
Constatação IV (Anúncio não obrigatoriamente da assim
chamada Oposição que se finge de vestal, mas que também
tem culpa em cartório).
Aguarde breve neste país novo escândalo com novas personagens.
Constatação V
Os caixas eletrônicos facilitam a vida das pessoas. Às vezes, para alguns,
há que se ter um pouco mais de trabalho a fim de explodi-los.
Constatação VI
A lipoaspiração continua fazendo vítimas. Da violência, nem falar...
Constatação VII (De uma falácia comparativa).
E já que estão chegando os Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro, vale lembrar
como ficou tão claro, tão óbvio, tão axiomático quando o americano
Jesse Owens desmistificou, em 1936, nos Jogos Olímpicos, na Alemanha, a inferioridade da raça negra e a superioridade da raça ariana como Hitler
apregoava elas serem, também naquele evento.
Constatação VIII
Postura
Com os políticos?
Sejamos analíticos:
Merecem compostura.
O que a mídia mostra
E pouco acentua
De falcatrua
É só uma pequena amostra.
As demais, caro leitor,
Conclua:
Quase ninguém
Se abstém.
É um pavor.
Constatação IX
Olhar no espelho, eu evito.
O meu grau de intolerância
Está beirando o infinito.
Constatação X
Plantava flores no seu jardim para ver borboletas, abelhas e besouros
volutearem em torno delas. Queria aprender a voar. Real e efetivamente.
Nada a ver com os seus sonhos...
Constatação XI
“Você é uma mulher
Ou uma ratazana”,
Disse a mãe pra filha
“Dê um chega pra cá
E não para lá
Naquele banana.
Pois é o que ele quer.
Com isso você não se humilha.
Bote uma roupa bem decotada
Que ele virá
Que nem louco pra essa empreitada”.
Constatação XII
Eu fiquei mudo
Quando, de despedida,
A fingida
Me deu um abraço
E disse: “Como na canção,
Eu descrente de tudo
Só me resta o cansaço.
Quer saber,
Não sou seu palhaço.
Vá lamber
Sabão”.
Constatação XIII
Esse que você chama,
Que você proclama
De seu preclaro amigo,
Que é cioso
Com seu próprio umbigo,
É um mafioso,
Um mentiroso
Que eu sempre desdigo.
Constatação XIV
Na Câmara Federal, aquele deputado era duplamente comissionado:
Fazia parte de uma comissão e eventualmente ganhava a dita cuja
por batalhar e conseguir a aprovação de algum negócio para si,
para os parentes e amigos.
Constatação XV
Não se pode confundir característica com casuística, muito embora
em certos países acaracterística do seu povo não seja uma questão
casuística. É falta de ética, moral e outras “cositas” desse jaez.
Constatação XVI (De conselhos úteis).
Não queira transferir para outrem as tuas verdades só porque você
as considera incontestes. Elas podem ter se revelado, no passado,
deslavadas mentiras. Analogamente, no presente e no futuro. De nada!
Constatação XVII
O retruca só retruca o seu superior quando este permite que ele seja o
quarto jogador de um jogo de truco e esteja jogando contra ele. Em
outros casos será considerado indisciplinado e poderá até pegar uma
cana por insubordinação.
Constatação XVIII
O religioso lia uma parábola; o professor de geometria analítica explicava
aos alunos a equação da parábola; no campo de futebol, um jogador de
futebol batia um escanteio e a bola descrevia uma parábola. Por outro lado
(qual lado?), os planetas do sistema solar descreviam órbitas elípticas.
No interior dos corpos moléculas, átomos, mésons, prótons e nêutrons
não ficavam atrás. A hipérbole, sem tanta notoriedade, sofria, quase
morrendo de inveja. Coitada!
Constatação XIX (Uma historieta).
Tão logo se formou em Direito, o jovem abriu um escritório na sua pacata
cidade natal. Criou um slogan, usando o que lhe foi aconselhado por
entendidos no assunto que era o seguinte: O Defensor das Causas Justas.
Como gostava de se vestir com terno e gravata como é de praxe o
uso de tal indumentária pelos advogados, usando as calças dos
ternos bem justas, como era moda na cidade onde estudou e se formou,
o povo logo passou a chamá-lo do Defensor das Causas Justas e das
Calças Justas. Nos dois primeiros casos que interveio não foi feliz
e o pessoal, maldosamente, sem que ele soubesse, passou a
cognominá-lo de Defensor das Causas Perdidas. Era um sujeito com
boa estampa e não faltou que as mulheres passassem a olhá-lo com
interesse, tanto como bom partido para casamento – um doutor!
– como um amante. Certa vez, estando na cama com uma senhora
casada, eis que o marido aponta com o seu carro, mais cedo do que
de costume, no portão para entrar com o carro na garagem que ficava
nos fundos. “Vou me esconder no guarda-roupa”, ele disse todo aflito.
“Não. Tá muito batido esse esquema. Pule a janela do quarto e saia
pelo portão pra rua, pois ele costuma entrar pela cozinha, enquanto
eu escondo tuas roupas”. E assim ele fez. Não faltou quem o visse
sem as calças se esgueirando pela rua para chegar num terreno
baldio com o mato cerrado para esperar que a cidade adormecesse
para chegar a sua casa. Aí, sucedeu uma nova mudança no
slogan-apodo: Defensor das Causas e das Calças Perdidas. Coitado!
Constatação XX
Segundo comentário de um amigo que trabalhou no Japão, o marido,
quando chega tarde a casa, não leva bronca da mulher até por que
o regime, de modo geral, é patriarcal independente de ela ter sido
gueixa ou coisas afins. A exceção à regra, à semelhança de certos
países e lugares é ele ser recebido qual um ‘tsunami’, pororoca
e coisas afins... Vige!
Constatação XXI (De diálogos esclarecedores).
-Aonde que vocês almoçaram?
-Num restaurante vegetariano.
-Estava boa a comida?
-Estava.
-Era bufê?
-Era.
-E cobravam por quilo?
-Não. Podia comer a vontade.
-E tinha muita gente?
-Quando a gente chegou, não. Mas quando fui me servir pela sétima
vez, aí já estava...
-Ainda bem! Sétima vez, você falou?
-Sim. Por que está perguntando?
-Nada, não. É só para ver se eu tinha ou não entendido direito.
-Ah, bom...
Constatação XXII
Vai começar o campeonato estadual
Aonde meu Paraná vai se apresentar
Torço para que ele não se dê mal
E alguma vez ou outra também ganhar.
Constatação XXIII
E já que citamos o nome Wanderley, logo abaixo, vale lembrar o que
ocorreu com este assim chamado escriba com relação ao amigo
Wanderlei Silva, o lutador, que durante certo tempo nadou numa
escola de natação também por mim frequentada. Nunca deixei de dizer,
ao cruzar com ele, que havia batido na bunda de cara mais forte do
que ele. Wanderlei ria e me ameaçava arrancar minha barba, mas
isso já é outra história. Visitando a minha filha que mora nos
Estados Unidos resolvi estender a visita para Quebec, a fim de
visitar um grande amigo haitiano e sua mulher chinesa que lá vivem.
Ao retornar aos Estados Unidos, após uma semana no Canada,
o policial que me atendia, olhando meu passaporte, solicitou um
papel que eu teria de ter preenchido. Contestei que no avião só me
deram outro de determinar cor. Quando o policial constatou que eu
era de Curitiba, ele me perguntou se eu conhecia Wanderlei Silva.
Aí, contei que tínhamos sido colegas de natação e a história das
ameaças recíprocas. Daí, em diante, o policial pediu ao seu colega
para me acompanhar até determinado local onde havia o documento
a ser por mim preenchido. Os comentários que o policial fez a
Wanderlei foram extremamente laudatórios, revelando o quanto
ele era seu admirador. Ao nos despedirmos ele fez questão de me
acompanhar até a saída, fazendo questão de carregar a pequena
valise que eu portava. Até hoje não cruzei mais com o amigo
Wanderlei para poder relatar a ele todos esses fatos. Se alguém
puder me ajudar a encontrar suas coordenadas ou transmitir
o acima escrito agradeço, desde já, a gentileza.
RICOS & POBRES
Constatação I
Rico fica circunspecto; pobre não abre a boca.
Constatação II
Rico disserta sobre assuntos relevantes; pobre fala abobrinha.
Constatação III
Rico tem adversários; pobre, inimigos.
Constatação IV
Rico é empreendedor; pobre, é batoteiro.
Constatação V
Rico semeia uma rosa, dos ventos, e colhe uma brisa de pétalas;
pobre, semeia uma rosa, dos ventos, e colhe uma tempestade de espinhos.
Constatação VI
Pobre dá nome para o filho com letras incomuns, como, por exemplo,
Wanderley assim mesmo com W e Y, ao invés de com V e I;
rico não usa o nome Wanderley por achar que é nome de pobre...
Constatação VII
Rico se fecha em copas; milionário em ouros; classe média, em espadas;
pobre, em paus.
Constatação VIII
Obcecado rico diz para a gata que hesita em acompanhá-lo ao motel:
“A oportunidade é careca”; obcecado pobre, educado, diz para a
vizinha de barraco que hesita em atender o convite de visitá-lo no
seu: “Relação amorosa adiada, é relação amorosa perdida”.
Comentário de Rumorejando: “Será que foi mesmo relação
amorosa que ele disse? Realmente, se foi, não é um cara
educado, mas, sim, educadíssimo”.
Constatação IX
Rico tem priapismo*; pobre brochura.
* Priapismo = Excitação sexual excessiva (Aurélio).
Constatação X
Rico ri à-toa; pobre ri, colocando a mão na boca para que
não vejam que é banguela.