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domingo, 9 de fevereiro de 2014

BRAZIL: MALANDRO É MALANDRO MANÉ É MANÉ.

Nós e os outros 
www.google.com.br/images. Jeca Tatu., personagem de Monteiro Lobato na obra Urupês interpretado pelo inesquecível Mazzaropi
 Zé Pi


 Era de manhã, quando o ônibus da Cometa parou na rodoviária de São Paulo. 
Mineirinho desceu, ajeitou as calças, recebeu sua velha malinha de eucatex e deu uns passos até a calçada externa para apreciar ao redor. 
Tudo muito grande e enfumaçado e um ar poluído de escapamentos dos ônibus faziam arder os olhos e nariz. Do bolsinho da calça tirou a curnicha de rapé com imburana, deu umas cafungadas em cada narina e libertou dois capetas na forma de espirros. Que alívio.
 Só que o barulho e os nicuris libertos chamaram a atenção de um indivíduo que o observava do outro lado da calçada. O cara veio devagar e, antes que o mineirinho percebesse, já estava ao seu lado e já puxando papo:
_ Bom dia gente boa! Mineirinho observou bem as feição do dito e respondeu: _ Dia, né?
_ Sua pessoa acaba de chegar de...? 
_ Mingerais, uai.

www.google.com.br/images. "Mas o malandro pra valer, não espalha, aposentou a navalha tem mulher e filho e tralha e tal". Salve Chico Buarque


 Imaginando que o seu interlocutor era um incauto, o cara soltou logo o 171 de prima: 
_ Seguinte, sou observador da delegacia e fico aqui para identificar suspeitos; sei que sua pessoa é de boa família, mas tenho que ver seus documentos e se você tem dinheiro suficiente para ficar na cidade grande, entendeu?
_ Deixa eu ver a carteira com os documentos. Mineirinho meteu a mão no bolso de dentro do paletó de gabardine e de lá tirou a carteira estufada de cabrais de 100 cruzeiros. O malandro arregalou os olhos diante da fortuna, não deu moleza e decretou:
_ Tu é mesmo otário, não sou polícia coisa nenhuma; aqui a malandragem joga a conversa, toma carteira e vai saindo, vai saindo, saindo.
E foi se afastando para o outro lado da rua, quando mineirinho enfiou a mão na cintura, sacou um baita parabelum 38 e apontou para o dito cujo, dizendo: _ E vai vortano e vai vortano e vai vortano e devorve o que é meu. O bandido volta correndo e devolveu a carteira, enquanto mineirinho, ainda com dedão no gatilho, ordenou: 
_ E vai sumino e vai sumino e vai sumino e se oiá pá trais eu quemo, ô trem ruim!

www.google.com.br/images.
"Agora já não é normal, o que dá de malandro


regular profissional, malandro com o aparato de malandro oficial,



malandro candidato a malandro federal, 



malandro com retrato na coluna social;



malandro com contrato, com gravata e capital, que nunca se dá mal."


Link: http://www.vagalume.com.br/chico-buarque/homenagem-ao-malandro.html#ixzz2ruGCNOV9

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