A
Síndrome do Cachorro
www.google.com.br/images
www.google.com.br/images
Sérgio
Antunes de Freitas
Uma
das diferenças entre os povos desenvolvidos e os ainda bárbaros
pode ser avaliada pela quantidade de pessoas que sofrem da Síndrome
do Cachorro.
Quando
se abre uma porta, o primeiro a querer sair é o cachorro. Ele enfia
a cara como em uma greta ainda em abertura e só refuga se levar uma
arranhada no focinho, pelas garras do gato com frio que quer entrar.
As
pessoas com raciocínio cartesiano, para as quais não existem outras
variáveis de análise que não sejam os vetores físicos e
matemáticos, além das
necessidades
fisiológicas,
sofrem dessa espécie de patologia.
Na
fila do elevador, é mais do que lógico esperar as pessoas saírem,
para depois entrar. É como trocar uma lâmpada! Em primeiro lugar,
se tira a lâmpada queimada, para depois colocar a nova. Eureca!
Mas
as pessoas devem pensar que o elevador vai subir sem esperá-las e
não voltar mais. Então, peitam quem está saindo, pisam no pé do
ascensorista, engancham o cabo torto do guarda-chuva na bolsa da
madame mal-educada. E haja palavrão!
Mas
não é só nos ambientes populares que isso acontece.
www.google.com.br/images
Após
o pouso, quando é aberta a porta do avião, os “senhores
passageiros” querem ser os primeiros a sair, para ficar duas horas
esperando as malas na esteira. Manda a boa etiqueta, para quem não
sabe, que a preferência se dá pela ordem da numeração das
cadeiras, ou seja, sai primeiro quem está na frente!
É
como a água da garrafa! Em primeiro, saem os goles que estão na
frente. Depois, sai a água do fundo, às vezes com depósito de
sujeira. Se o depósito quiser sair ao mesmo tempo, é necessário
chacoalhar o recipiente, Raramente isso acontece com o avião. Mas
acontece, para o pavor de muitos como eu!
Essa
síndrome é facilmente percebida no trânsito de veículos. Todos
eles estão andando no limite da velocidade máxima, mas mantendo um
ritmo de segurança. Aí, aparece o alfaiate alucinado, costurando
para todos os lados. Se estivesse fazendo uma cueca, ninguém
vestiria! Quando chega ao sinal fechado, todos param, mas só ele
fica com a cara de macaco depressivo.
Também
nas ruas e avenidas, encontramos aqueles que mais sofrem desse mal,
os motoqueiros. Para eles, a doença pode ser mortal. Ou, com sorte,
só dolorida.
Um
amigo, quando era dessa cepa, me contou que esqueceu a perna no
para-choque de um jipe, com sua moto em alta velocidade. Ele usou o
verbo esquecer, porque, na hora que sentiu a perna subir, achou que
só iria reencontrá-la em algum local de Achados & Perdidos.
“Legal, Mano? Apareceu alguma perna cabeluda, com uns vinte e seis
anos de idade e um calombo na canela?”
Uma
variante dessa moléstia
para
o público infantil
é
a Síndrome do Gato, cuja teoria é: se passou a cabeça, passa o
resto.
Geralmente,
acomete os baixinhos nos corredores de feiras livres e assemelhados
pelo acúmulo de gente. O baixinho taca o chifre na frente e vai
dando ombradas nas pernas dos outros.
E
os pais tentando não perder de vista o possuído!
O
diagnóstico também pode ser feito nas portas giratórias dos
bancos, aquelas geringonças que instalaram para dificultar a entrada
de clientes, digo, dos ladrões. Já não chega ter que tirar chave,
celular, carteira com moedas, cinto com metal, tornozelo mecânico,
restaurações dentárias com liga de ouro, pino na bacia etc., ainda
somos empurrados por uma pessoa forte e apressadinha do outro lado do
cilindro mágico.
Outro
dia, dei quatro voltas para entrar e cinco para sair da agência.
Zonzo, me apoiei no coldre do agente de segurança. Sem problemas,
eles não portam armas mesmo!
Lembrando,
ainda existem os fura-filas!
A
consequência de todo esse mal é que, quando estamos no meio da
manada em estouro, acabamos por somatizar essa síndrome.
E
salve-se quem puder!
Sérgio
Antunes de Freitas
19
de fevereiro de 2016
Nenhum comentário:
Postar um comentário