TOURADAS: O CÚMULO DA SACANAGEM COM O BICHO!
Marina da Silva
Primavera nos trópicos e início de lastimável inverno... para os espanhóis, que estupefatos assistiram, impotentes, agora em setembro de 2011, o fim do mais famoso esporte nacional: as touradas! Mais que um esporte, as touradas são a marca da Espanha assim como o futebol e o carnaval são a cara do Brasil. As touradas estão incrustadas, séculos a fio, na pele, na alma e na cultura espanhola. Embora muitos vejam na tourada um mero e cruel esporte onde um indefeso animal é sacrificado para o deleite sádico de uma minoria, a verdade é que o esporte traz toda uma simbologia mágica de luta, engenho, coragem, força e superioridade dos desbravadores rojos! Ninguém fica imune e impassível diante da beleza e grandiosidade da Fúria e fulgor espanhol representada no combate entre o homem e o touro! Mas enfim, é fim das touradas!
E então...choro eu, chora você, choram os espanhóis amantes deste esporte, a destruição de uma cultura secular! Mas inconsolavelmente chora o touro, condenado agora à morte insignificante e desonrosa num reles matadouro! Uma paulada na cabeça, uma degola com foice, machado, serrinha elétrica, um martelo no “quengo”. Antes o bicho era tudo, agora um zero à esquerda; acabar com as touradas é...o cúmulo da sacanagem com o bicho!
Ninguém consultou o touro, ninguém lembrou de perguntar ao animal o que significava para ele a tourada! Apenas roubaram-lhe o direito de morrer com dignidade, honra, glória e por que não, glamour!
Ah se lhe tivessem dado a opção entre o matadouro espúrio e a morte gloriosa na Fenomenal plaza del toro sob aplausos e luxo e oleeeeeeê touro! A morte sua ou do adversário, o toureiro, é isso mesmo, quantos homens o touro derrubou, mutilou, matou para o deleite dos seus companheiros touros e toda raça taurina e por que não, de humanos, homens e mulheres que assistem o perigo para ambos, cheiram e sentem o gosto da morte na arena escondendo a alegria do desfecho em máscaras de horror!
Vermelho, o sangue humano ou do bovino, muitas vezes pouco importou para aqueles que se vangloriam de lutar pelo direito do bicho traçando uma bistequinha, um filé mignon, um boi inteiro no rolete! Hipócritas, defendem o direito de viver do touro até destrinchá-lo à mesa enquanto assistem impassíveis mortes e assassinatos ignominiosos de seres humanos dia após dia, não apenas nas guerras “santas ou frias” ou de fome várias, mas na banalidade em que se tornou a violência urbana nos nossos dias! “E agora José”? Lamenta o touro e o poeta. Resta ao touro contentar-se com tal desfecho?
www.google.com.br/images ttp://www.lavanguardia.com/cultura/20110926/54221299944/la-ultima-corrida-en-la-monumental.html
Abalado e pasmo com tanta impostura e cinismo dos adversários, o touro entregou de vez o pescoço, ops, a cabeça para o abatedouro totalmente descrente na raça humana: acabaram com sua chance de desforra, de dar um troco bem dado no toureiro e nos humanos, meros carnívoros que ecológica e politicamente corretos comem soja... em bifes para satisfazer a própria intolerância e tonteria, enganando a si mesmos! Que a luta era justa, ah isso era! Jamais um touro ventilou a hipótese de usar atos torpes contra qualquer homem – o esporte é tipicamente masculino – dentro ou fora da arena, antes, durante ou depois da luta! Também não será ele, o touro, que capitalisticamente irá bancar apostas contra os humanos nos duelos de boxe, luta livre, briga de rua!
http://www.lavanguardia.com/cultura/20110926/54221299944/la-ultima-corrida-en-la-monumental.html "O vermelho tá na vida, tá no sangue do guerreiro.Vermelho é o coração bate no meu peito. Vermelho é raça. vermelho é tradição. Vermelho é a cor do sol. Vermelho é a cor do Amor. Vermelho é o coração do meu boi." Boi Garantido. Festa do Boi. Amazonas. Brazil.
A verdade verdadeira é que o bicho foi substituído por outro: a casa (real ou virtual) é fenomenal, esta aberta todos os dias, 24 horas, façam suas apostas, quem leva o prêmio: Minotauro ou minitouro?
Marina, é um absurdo mesmo. Rodeio é a mesma coisa: animais são maltratados para que peões de boiadeiro virem heróis, mocinhas histéricas à procura de fazendeiros ricos desfilem sua pobreza de espírito, cantores de música brega faturem milhões e organizadores de eventos enriqueçam da noite para o dia. No Brasil importamos o que há de pior em outras culturas. Lamentável... Beijos, Angela
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