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quarta-feira, 27 de junho de 2012

BRAZIL: HOMENS DO SÉCULO XXI!


MODINHA DOMÉSTICA
Sérgio Antunes de Freitas
www.google.com.br/images. Não é sonho nem delírio: são os homens século XXI! Xô Idade da Pedra e bem vindos  a civilização os homens com H...humanos E ANTENADOS com esse admirável mundo novo onde homens e mulheres estão juntos e misturados!

Todo fim de semana, era a mesma coisa!
Ele até comprava alguma coisa para o almoço, ajudava a lavar o banheiro, levava os meninos para vacinar, consertava fechaduras, trocava lâmpadas.
Mas, no domingo, depois do almoço, ou mesmo durante, ele começava a tomar das suas: cerveja, vinho, cachaça! Aí, não largava mais o copo nem para ir à garagem ou banheiro.
Então, a esposa ficava com aquela cara de quem não está participando, meio emburrada.
Frustrada, sonhava com um domingo que tivesse outra coisa, além de assistir aos programas de televisão, sem conteúdo, mas com ótimo “padrão de qualidade”.
Como na música Modinha, do Chico Buarque, um dia “ele chegou tão diferente do seu jeito de sempre chegar”. Depois de tomar umas branquinhas com limão, decidiu e anunciou, já com voz pastosa, típica de “bebum”: - Vou lavar a louça todinha do almoço.
Já era fim de tarde, quase escuro, quando ele completou o copo e se dirigiu à pia da cozinha, mais parecida com um monte de lixo da periferia, um pós-guerra, de tanta tralha suja e empilhada.
A esposa, temente que ele se machucasse, pensou em interferir.
Mas se aquietou e imaginou o máximo que poderia acontecer: ele se cortar, perder muito sangue e ir para ao hospital. Lá, após os procedimentos de internação, perguntaria: - Doutor, ele tem chance de escapar?
Voltando à realidade, escutou o barulho de louças e talheres, sob água corrente, contrariando os atuais princípios de economia do precioso líquido.
Ela olhava a televisão com um olho e a porta da cozinha com outro, sem acreditar no que acontecia.
Fingindo naturalidade, avisou com voz cantada: - Teobaldo, cuidado para não se machucar, meu amor!
- Rosalinda, minha linda, o importante é ser útil! – respondia o ébrio de fim de semana.
Parecia uma escola de samba iniciando seus treinamentos em agosto: sons de pratos com pratos, copos com dentes, calcanhar com geladeira, sola com pé de fogão, talher com torneira.
Muito provavelmente, ele havia se sensibilizado com uma imagem que viu em uma rede social da Internet. Era a de um papel grudado em cima de uma pia de cozinha, no qual a mãe escreveu: “Filhos, lavem a louça sempre sorrindo e cantando, pois isso significa que tivemos o que comer”.
Sem dúvidas, uma frase maravilhosa, emocionante. Tanto é que o Teobaldo lavava e chorava.
Enfim, como em um milagre, Teobaldo deu o trabalho por encerrado, até passando o pano de prato na pia, para secar a bancada. Tudo limpinho e enxugado.
Renovou o copo e, após entorná-lo, satisfeito, foi dormir, para aguardar a segunda-feira em paz.
Rosalinda já não prestava atenção no seu ídolo da novela, o qual contava a sua vida otimista e a sua carreira complicada e difícil, no programa televisivo, que o enchia de elogios e salamaleques.
Pé ante pé, a esposa foi ao quarto conferir se o maridão já se encontrava no mundo comandado por Hipnos, o deus do sono, e Morfeu, seu filho, o deus dos sonhos.
Certa disso, pegou a agenda e buscou o telefone da sala, bem longe do quarto, para que seu esposo não escutasse a conversa nem em hipótese remota.
- Carlão, aqui é a Rosalinda.
Após os agrados sociais de praxe, ela iniciou uma conversa em voz baixa, com uma pergunta essencial: - Carlão, foi você quem arranjou aquela cachaça para o Teobaldo? ... É que eu queria encomendar mais oito garrafas...

Sérgio Antunes de Freitas

sábado, 23 de junho de 2012

BRAZIL. "C" WORLD and LIFE STYLE 1.99


CHINA: QUEM TEM MEDO DO LOBO MAO?

Marina da Silva
www.google.com.br/images. 

Foi-se o tempo em que o Maoismo – Mao-Tsé-Tung, seu livro vermelho, foice, martelo e estrelinha, símbolos da revolução comunista chinesa - metia medo ao mundo. Tudo mudou! As muralhas, máscaras e falácias socialistas/comunistas caíram e o capitalismo entrou numa fase de acumulação flexível, globalizada, sem dieta e em qualquer regime!
_ Você vai a China? China? China comunista? Perguntavam perplexos os amigos e familiares de Henfil que se preparava para essa intrépida viagem vermelha, em julho de 1977, “antes da coca-cola”.
“Se eu não morresse lá, de lavagem cerebral, morreria aqui da cirurgia para extirpar o vírus comunista que eu traria nos meus cabelos, roupas e principalmente na ALMA”! Brinca Henfil.
www.google.com.br/images Com ou sem Coca-Cola os chineses ainda padecem voluntária ou voluntariamente forçados do PODER vermelho do grande MAO!

Os brasileiros pastavam com as bestas fardadas em anos de chumbo grosso (1964-84) e os chineses choravam Mao, 28 anos depois da revolução cultural comunista. Henfil era curiosíssimo e queria saber se “estaria a China entrando também na sociedade de consumo” ou eram realmente, comunistas roxos, ops, vermelhos! Henfil ficou pasmo com muitas coisas e as relata: “(Pequim toda é um bosque) e tem uma dezena de prédios”.


www.google.com.br/images. Pequim depois da Coca-Cola! Vista da Cidade Proibida residência de imperadores transformada em Palácio  Museu localizada no centro da moderníssima Pequim século XXI!

Ciquenta e cinco etnias, a maioria Han, a China em 1977 possuía cerca de 900 milhões de habitantes “que andavam a pé ou de bicicleta”, usavam “camisas, brancas largas, calças cinzas, sandálias de plástico com meias. Sempre a mesma cara, trabalham duro todo dia. Não tem domingo, não tem feriado” a maioria dos trabalhadores são mulheres. Enfim, completa Henfil: nos mostraram exatamente como estão. Um país pobre, de camponeses (êxodo urbano forçado) que tinham três missões: “estudar a teoria do proletariado; por ordem e unidade na China; elevar a economia nacional”. Algo incomoda Henfil, o peso da ideologização sobre as massas, a massificação imposta pelo “trabalho de reprodução massificado, nota-se um enorme tédio e uma grande desmotivação nos “artistas”.


www.google.com.br/images. 1bilhão e 300 milhões de habitantes,  a economia chinesa, um híbrido do capitalismo sustentável flexível global, floresce  sob os pilares - leia-se,voluntarismo e terrorismo ideológico  que expropria e explora chineses -  vermelhos!

“A massa participa ativamente da massificação. (...) e é inclusive faca de dois gumes. Como participa ativamente, a massa pode resolver massificar a sua maneira ou, mais louco ainda, a massa pode assumir o comando da massificação”.
Toda a produção é voltada para a exportação. Para ele e muitos outros a China estava “ocupada” com o seu umbigo” e sem pretensões imperialistas, jamais  “partirá para uma invasão no exterior. O perigo amarelo [nem vermelho] existe! Todos os planos são para a conquista da China”.
www.google.com.br/images. Quem tem medo da China?

Henfil percebeu, mas não apreendeu a complexidade e a enormidade do fenômeno da massificação na produção maoísta, através da mais poderosa e tenebrosa arma: o voluntarismo ideológico e/ou autoritário que vai transformar a China, umas três décadas depois, na segunda economia e potência capitalista-comunista mais importante e poderosa do novo século! A China que era auto-suficiente; geoeconômica e geopoliticamente estava se preparando para o século XXI! Trabalho duríssimo, voluntarismo, ideologização das massas, culto ao partido, ao “grande pai”, controle da massa pela massa, autoritarismo, massificação da produção: um imenso, gigantesco exército de soldadinhos vermelhos muito ocupados com seu mundinho vermelho! 
www.google.com.br/images.  Da China para o mundo: todos os capitalistas do mundo inteiro tem um pé na China: de sapatos a  submarino nuclear tudo é Made in China!


Henfil realmente estava correto: os chineses não invadiriam o mundo; não da forma tradicional: ocupação territorial física pelo exército vermelho. O que se viu a partir do final dos anos 90 com a abertura aos capitalistas estrangeiros foi o imperialismo dos produtos do mundo inteiro made in China e logicamente os produtos de todo mundo falsificados, pirateados pela China e vendidos ao mundo inteiro! Mas como isso se deu?
Capitalismo em crise desde os anos sessenta - fim da chamada Gold Age-; queda global das taxas de lucro, as potências capitalistas (EUA e Europa) dão uma guinada neoliberal fundamentada numa sensacional revolução científico-tecnológica que permitiu, entre muitas outras coisas, a fragmentação e dispersão geográfica de parte do processo produtivo e mesmo de todo o processo de produção para regiões de vastíssima mão-de-obra barata/escrava, abundância de matéria-primas e muitos benefícios fiscais de várias nações, especialmente para China e Índia. A Coca-cola chegou à China e o mundo nunca mais foi o mesmo! O imperialismo chinês trouxe ao planeta uma nova forma de vida: o life style 1.99, um mundo genérico, pirata, corrompido e falseta!
www.google.com.br/images. Coca-Cola  na China? PODE SER...refrigereco!

“Ensinaram os chineses a andar com seus próprios esforços na agricultura, indústria, etc. Mas, devido à propaganda, o chinês só não anda com seus próprios pés na criação intelectual”. Tudo que é sólido se desmancha no ar é traduzido em tudo o que é original pode ser falsificado, pirateado! O lema chinês cristalizou a máxima ocupar, copiar, reproduzir e colonizar os mercados com produtos feitos na China! Em 2011, atolada em grave crise financeira que teve seu epicentro nos Estados Unidos em setembro de 2008, a União Européia exclamava pasma e passada: The chinese are coming!  Quando na realidade os chineses já estavam ocupando o mundo, Europa inclusa, desde o alvorecer do século XXI!
Paris. 2007. Vista do largo de Sacre Couer dominado por falsetas vendidas por imigrantes africanos, principalmente bolsas Chanel, D&G, Gucci e outras marcas famosas! Paris genérica foi minha maior decepção!

Veneza 2007.
Fotos Marina da Silva. Europa Ago/Out.2007: os economistas e cientistas políticos  europeus "não sabiam", mas a China já estava cumprindo uma duas etapas ou mais de colonização 1.99. Minha "visita"  descobriu o Life style em Roma, Amsterdã, Frankfurt, Bruges, Madri, Londres e até na visitinha a sua santidade no Vaticano! Dezenas de Chinesas vendendo uma espécie de cachecol na fila de entrada ao Vaticano. Voltei da Europa...passada!

Em 2009, enquanto o primeiro mundo em crise perguntava: o que os chineses querem nas Américas, a China já era o maior parceiro econômico da América latina desbancando Estados Unidos e União Européia. A invasão chinesa já completara uma década e entrava em nova fase de ocupação em 2010: grandes inversões diretas na Argentina, Colômbia, Peru,Chile e especialmente no gigante Brasil! O mundo abre os olhos no final da primeira década do novo século e dá de cara com uma China de 1 bilhão e 300 milhões de habitantes e uma nova etapa amarela de colonização (inversões bilionárias diretas) em franco desenvolvimento em todo o planeta!
www.google.com.br/images. Espaço vital para sustentar o magnífico crescimento chinês, o Brazil afeta a geoeconomia e geopolítica mundial deixando o país  ao deus-dará (sob o comando chinês) a ordem e o progresso! Essa aproximação carnal com o dragão vermelho é um dos responsáveis pela sustentação política da esquerda ou governança (promiscuidade partidária e altos índices de corrupção) e criação da classe média de A a Z (destaque para as classes Cde)!


"Minas Gerais recebeu diretamente cerca de R$ 15,7 bilhões (US$ 10 bilhões) de investimentos de empresas chinesas entre 2003 e janeiro de 2011. (...)No total, o empresariado chinês injetou no Brasil, neste período, R$ 58,3 bilhões (US$ 37,1 bilhões), totalizando 86 operações em novos negócios ou fusões e aquisições (...) O especialista em comércio internacional da Faculdade Ibmec, Eduardo Senra Coutinho, avalia que a presença chinesa no Brasil, via investimentos, ocorre em função da junção de dois fatores: a atividade empresarial chinesa está capitalizada e o Brasil, em crescimento, é boa oportunidade de negócios." http://noticias.r7.com/economia/noticias/minas-gerais-atrai-quase-um-terco-do-investimento-chines-no-brasil-20110415.html


Imersos em profunda crise -que teve seu epicentro em 2008 com a implosão da economia dos Estados Unidos- o primeiro mundo (EUA e UE_União Européia) pagam com as vidas, trabalho, empobrecimento, sangue e suor de seus cidadãos imensas dívidas vindas da especulação financeira que transformou o mundo num imenso e volátil cassino!
O custo da "globalização" made in China e a adoção do Life Style 1.99 são os crescentes ataques xenofóbicos, manifestações violentas contra as medidas estabilizadoras (que salvam capitalistas e penalizam a população); a ingerência inimaginável do FMI na Europa, explosões sociais, greves, terrorismo e recrudescimento do neonazismo, etc e tal também!
www.google.com.br/images.  Crise? De oportunismo e oportunidades geoestratégicas e geopolíticas. Enquanto a população paga o pato tem "gente" lucrando alto com a crise na zona do Euro!

Como se sustentar politicamente nesse cenário aterrador? Copiando, pirateando estratégias de países modelos de "democracia genérica, falseta" e sucesso econômico, dentre eles, Brazil e China! A China com créditos verdes (bilhões de dólares) e produtos 1.99; o Brazil com sua política populista, clientelista do Grande Pai/Mãe (bolsa-esmola, sub-investimento  em políticas sociais na saúde, educação, segurança e o escambal)  de sinergia e governança no novo modelo de capitalismo CO-responsável ou socialismo possível (mera pregação ideológica). E o lobo MAO? Seus filhotes trocaram o vermelho comunista/socialista pelo rosa e branco paz e amor, jogaram no lixo a estrela, foice, martelo e livro vermelho e vivem comodamente o capitalismo co-responsável, onde o ESTADO-empresa é a chave da apropriação das riquezas e expropriação dos povos!


 
www.google.com.br/images"Quando o chefe do Departamento de Economia do Deutsche Bank, Norbert Walter, afirmou, em 2005, que «depois de se ter superado o socialismo na RDA» seria necessário «superar o socialismo alemão ocidental» (1) ninguém imaginava que aquele membro destacado do Comité Central dos Católicos Alemães, autor de uma série de livros neoliberais, tais como «Menos Estado, mais mercado», «O Euro no caminho do futuro», não estava só a ameaçar os trabalhadores do seu país mas os povos de toda a UE." Texto original publicado na revista O Militante- Portugal Nº 318 - Mai/Jun 2012 • Internacional







 

 





segunda-feira, 18 de junho de 2012

BRAZIL: DIA MUNDIAL DE LIMPEZA URBANA



BRAZIL. WORLD CUP 2014. BELO HORIZONTE LIMPA BH?






17 DE JUNHO É O DIA BRASILEIRO PARA A FAXINA GERAL - se está pensando em varrer os corruptos do país...esquece! 

É O DIA DO LIMPA BRASIL: SOMOS TODOS CATADORES DE NORTE A SUL, LESTE A OESTE, DO OIAPOQUE AO CHUI E DO ESCAMBAL TAMBÉM! Limpa Brasil.
Let’s do it! YES WE CAN!

Você duvida????? ENTÃO LÁ VAI!

QUEM LIMPA BH? QUEM É CATADOR?

Fotos Marina da Silva. Catador  de Belo Horizonte Limpa Beagá e morador de rua.

CATADOR DE BELO HORIZONTE LIMPA BH.

CATADOR BH Limpa Belo Horizonte.

CATADOR. Cidadania...DE LIXO! BH LIMPA BELO HORIZONTE Morador de rua

Pela janela do busão: CATADORES LIMPA BELO HORIZONTE LIMPA moram debaixo do viaduto.

CATADOR BH LIMPA Belô. Levando materiais recicláveis para vender e garantir sua sobrevivência e de sua família.

CATADOR BH LIMPA BH. Arriscando sua vida entre carros levando sua preciosa carga: a média é de 500-800 toneladas no lombo!
CASAL DE CATADORES E SEU CÃO VIRA-LATA, MORADORES DE RUA BH LIMPA BELO HORIZONTE.

MARINA DA SILVA. CIDADÃ  DE BELO HORIZONTE
SERVIDORA PÚBLICA.
EXIJO MINHA CIDADE SEMPRE LIMPA!


EU NÃO SOU CATADORA!
EU PAGO MEUS IMPOSTOS EM DIA, CUMPRO MINHAS OBRIGAÇÕES PARA QUE A PREFEITURA DE BELO HORIZONTE LIMPE AS RUAS, PRAÇAS, BECOS, AVENIDAS, JARDINS, PARQUES, ETC E TAL TAMBÉM, PORQUE LIMPEZA URBANA É UM SERVIÇO ESSENCIAL, NÃO PODE SER TERCEIRIZADO PARA CATADORES, EMPRESAS DE TERCEIRIZAÇÃO E MUITO MENOS AINDA PARA NÓS CIDADÃOS QUE PAGAMOS NOSSOS IMPOSTOS DE CADA DIA TODOS OS DIAS!
ESSES TRABALHADORES DE ROUPA LARANJA (CUIDANDO DA PRAÇA DA SAVASSI), NÃO SÃO CATADORES, SÃO FUNCIONÁRIOS DA PBH E/OU FUNCIONÁRIOS DA EMPRESA TERCEIRIZADA VIA SOLO QUE PRESTA SERVIÇOS DE LIMPEZA URBANA (PESSIMAMENTE) PARA A PBH.

EM TEMPO:
ESSE É O CANTOR MILTON NASCIMENTO. ELE FAZ CAMPANHA DO LIMPA BRAZIL, LIMPA BELO HORIZONTE.
MILTON NASCIMENTO NÃO É CATADOR.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

QUEM PAGA O PATO...

PENICO ERGOMÉTRICO

                                                                                           Sérgio Antunes de Freitas

O Beto, um dos meus amigos especiais, me perguntou se eu estaria ocupado naquele próximo domingo de manhã, pois ele queria me mostrar a grande aquisição de sua vida.
Diante de uma resposta negativa, ele garantiu passar em minha casa logo cedinho, para irmos até a sua chácara.
Arrependido, concordei.
E fomos, mas, primeiramente, passamos em um viveiro de plantas, onde, segundo um conhecido, havia mudas de uvas baratas. As mudas, não as uvas!
Ao saber dos preços, ele comprou cinco mudas de uvas e dez de mangas.
Perguntei se ele pretendia alimentar o povo vietnamita com polpa de manga, pois a família dele não consumiria os frutos de uma única mangueira, quanto mais de dez.
Ele riu e justificou: - Os bichos comem.
Perguntei se havia bichos por lá e ele me disse ter, por enquanto, apenas uma dezena de galinhas, sendo duas d’angola.
Comentei: - Pôxa, praticamente uma granja!
Chegamos ao paraíso dos sonhos do Beto.
Havia uma casa de alvenaria, em forma de caixote, coberta de telhas de cimento amianto, com esquadrias de ferro e vidro, basculantes. Certamente, projeto e construção do dono anterior, que, provavelmente, não ganhará um prêmio internacional de arquitetura por isso.
Mas, ao lado, havia uma churrasqueira daquelas de cinema, feita em tijolos aparentes, envernizados, com geladeira transparente para as cervejas, motor para ficar girando as carnes, quadro para pendurar facas, chaias e espetos, toldos coloridos para a proteção solar e um sistema de som que eu pensei ser um trio elétrico da Bahia.
Mais distante, um barraco de madeira, caindo aos pedaços, apoiado em um cano longo com uma antena de televisão na ponta. Era a casa do caseiro desdentado! Devia passar muita vontade, quando sentia o cheiro da carne assada.
O solo era uma piçarra e não prometia ceder nem com picareta ou britadeira. Ele me disse ser necessário abrir um buraco, de metro por metro, e colocar terra boa, para plantar as mudas. - Praticamente uma operação de guerra - considerei.
Enfim, uma propriedade livre de uma eventual desapropriação oficial ou mesmo de uma invasão dos sem-terra.
Deixando de lado as piadas com meu amigo liberal, perguntei: - Ô, Beto, você não acha essa terra meio árida?
- Sim, mas você vai ver quando isso aqui estiver cheio de bichos! – respondeu.
Que isso? – retruquei. Aqui não dá para criar nem calango com ração balanceada. Você não vai colocar animais inocentes nesse deserto, vai?
Fomos embora, pois não havia mais nada para ver na grande propriedade de quase um hectare. Até o pé de lichia, ele já havia me mostrado com orgulho.
Voltamos para a cidade, conversando sobre as potencialidades das áreas rurais, de acordo com as quimeras do meu amigo.
Semanas depois, ele me obrigou a voltar ao sítio, para ver um casal de patos adquiridos recentemente. E a pata, segundo seu comentário feliz, havia chocado quatro patinhos bonitinhos demais!
Perguntei se ele havia construído um laguinho para as aves e ele sorriu, como se eu fosse muito ingênuo.
O que presenciei foi deprimente!
Ele havia colocado um penico com água, ao lado do galinheiro.
Tudo bem! Era um penico grande, tamanho família, mas o pai, um patão gordo, entrava no recipiente e não cabia mais ninguém. Os filhotes ficavam horas esperando a oportunidade de uma molhadela.
O patão só conseguia movimentar os pés, digo, as patas, como em uma bicicleta ergométrica de academia de ginástica. Não saía do lugar. Era um penico ergométrico!
A cena era muito forte e eu intimei o Beto: - Você vai me levar, agora, naquela venda onde tomamos um café, na vinda para cá.
No pequeno comércio, nem regateei; comprei uma bacia grande para substituir o famoso recipiente, também conhecido, nas mais diversas regiões do país, como bispote, cabungo, calhandro, capitão, comadre, mijadoiro, popó, rastadeira, troninho, urinol. Para o patão, apenas um refrescador de traseiro.
Quando enchemos a bacia de água, os patinhos avançaram sobre ela, como meninos de rua avançam sobre doces doados. Era uma reação normal contra a miséria.
E como a bacia também não era suficiente, eles nadavam em círculo, em fila indiana e rapidamente, pois o patão já se dirigia para lá, com postura ameaçadora de adentrar a piscina.
Parecia um estande de parque de diversões, o que fez o Beto comentar: - Dá vontade de atirar com chumbinhos, né?
Para sorte da natureza, meses depois, o Beto vendeu seu latifúndio, confirmando uma velha asseveração, a de que sítio de recreio é objeto de duas alegrias: uma, quando se compra, outra, quando se vende.

Sérgio Antunes de Freitas


domingo, 10 de junho de 2012

Brazil:


QUANTO MELHOR...PIOR!
Marina da Silva


www.google.com.br/images

Outro dia assistindo um jornal na TV uma notícia chamou minha atenção: era sobre a qualificação do trabalhador e sua relação com o perfil da força de trabalho na atualidade. A tecla de sempre era o enorme desemprego e a importância de se preparar para o mercado de trabalho.
Que me lembre esse assunto é martelado na cabeça de quem vai se iniciar no mundo do trabalho ou na de quem quer permanecer nele desde os anos noventa.
Então me veio a notícia, dias depois, de uma pesquisa feita em São Paulo pela FEAD cujos resultados demonstram a pressão pela qual o trabalhador vem passando desde então. Os dados são impressionantes e seriam maravilhosos para o país se não estivessem atrelados a uma fatalidade: o chamado desemprego estrutural.
Em São Paulo, relata a pesquisa, 80% dos jovens entre 18-24 anos possuem o ensino médio completo e os 20% restante tem curso superior ou estão a meio caminho andado. É um sonho... que está se tornando um pesadelo!
E ao comentar com uma amiga sobre a pesquisa e as oportunidades de emprego, ela desolada contou-me um fato interessante que ocorreu com seu filho que acabou de completar vinte um anos.
Ganhando muito pouco como auxiliar administrativo na prefeitura de Contagem/MG e necessitando aumentar a renda para pagar a faculdade particular ali ao lado em Betim, o menino resolveu se candidatar a uma vaga de peão na Fiat.
A mãe conseguiu, ao seu modo de ver, uma boa indicação no setor administrativo. Ajudei a preparar o currículo que ficou dentro dos moldes ABNT: claro, objetivo, enxuto e com informações essenciais e relevantes como segundo grau completo, graduando em educação física, experiência como auxiliar de serviços gerais numa fábrica de colchão, auxiliar de serviços administrativos na prefeitura de Contagem, um pouco de inglês e informática.
O serviço era para peão, chão de fábrica e a Fiat sempre trabalhou com indicação. O emprego de peão, salário superior ao de funcionário público, parecia garantido.
Dia da entrevista, o rapaz arrumou-se todo, xirque nos úrtimos! Camiseta delineando o peitão “mamãe sou forte”, jeans, tênis pirata descolado, uma pasta contendo documentos.
Logo ao entrar na sala de espera o garoto reparou duas coisas: ele era o único jovem e que não tinha cara de peão.
Na sala lotada, homens mais velhos usando trajes simples, rústicos, bolsa sansonite falsificada, provavelmente com o marmitão dentro, botinas velhas, enfim, prontos para encarar o batente no chão da fábrica naquele momento.
_ Vejo que você tem um ótimo currículo...
_ Está quase formado, tem aspirações de subir na vida?
_ Espera crescer, ter reconhecimento?
_Quer continuar estudando? Espera melhorar depois de formado?
Inocente, o menino balançou a cabeça afirmativo para tudo.
_ Nós entraremos em contato...
www.google.com.br/images. 
Após um mês e pouco a mãe estranhou a demora. Não era um emprego daqueles, mas de peão de chão de fábrica, trabalho pesado, duro, começando de baixo. Resolveu ligar para o conhecido.
_ O problema é que ele é muito qualificado... O serviço é para peão... A firma vai investir em treinamento e espera que o funcionário permaneça na fábrica. Ele é muito jovem, pode querer um emprego melhor...
_ Você acredita! Ele não foi escolhido porque era jovem e muito qualificado!
_ E aí?
_ Eu esperei até ele arrumar um bico para dar a notícia senão ele desanimava, ia se sentir por baixo e ainda descobri outra coisa – contou-me abismada. – Meu contato o prejudicou por ser lá de cima, do administrativo. Para a vaga de peão quem tem que indicar é outro peão.
O rapaz ao receber a notícia quase dois meses depois, olhou para mãe com um sentimento estranho: o que para ele sempre indicou futuro, sucesso, carreira trouxe-lhe um sentimento de fracasso.
_ Mas agora que sei disso, você vai ver, nunca mais ponho segundo grau completo!
 
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